O desaparecimento misterioso de uma criança. O brutal assassinato do capitão da guarda durante as buscas. Em 1910, São João do Glória, nas cercanias da Serra da Canastra, é uma cidade assombrada e esquecida, assolada por eventos incomuns. Um médico forense é convocado pelos militares para investigar o caso. Debaixo da tempestade incessante, desloca-se para o interior inóspito. Lá chegando, meio ao embate que se desenrola historicamente entre o poder dos autoproclamados coronéis e o governo federal, vaga pelas serras e vales, buscando pistas do menino sumido, de família tradicional da região, lutando pelo esclarecimento da chacina do capitão e ouvindo histórias inacreditáveis para sua formação essencialmente científica. Resiliente, conhece, pela boca dos interioranos, além da persistência clandestina do escravismo, relatos sobre a existência de seres fantásticos que habitam a região: sacis, o curupira, a iara, lobisomens, bruxas, mulas-sem-cabeça, jequitibás gigantes, bois fantasmas, nêgos d’água e outras assombrações amoitadas entre os exuberantes matagais, vagando na escuridão das noites. Medo, superstição e horror se misturam ao barro onipresente dos campos mineiros, trazendo surpresas assustadoras para aqueles que ousarem atravessá-los…
Eneas J. F. Severiano
é o autor deste, que gosta de imaginar como um “honesto e verdadeiro” compêndio sobre os traços mais marcantes da mitologia brasileira. O primeiro autêntico livro mineiro de horror. Nascido em Passos, mas mineiro em primeiro lugar, médico, cirurgião plástico, desenhista e pintor por presunção, aspirante a escritor e acreditando piamente nisso depois do encanto de ler vezes sem conta Locecraft, King, Poe, Gaiman, Moore, Clive Barker, Orwell, Carl Sagan, entre outros. Admirador da natureza, do pôr-do-sol e do céu noturno, do silêncio das serras mineiras, da simplicidade e alegria de seus verdadeiros moradores, dos dias mágicos passados ali naqueles ermos especiais vieram estas histórias. Esta primeira obra, um romance desconstruído na forma de contos (causos), é uma singela homenagem ao nosso povo, às nossas criaturas, ao nosso quase esquecido folclore.